O Diabetes ocorre quando o corpo não produz insulina suficiente para metabolizar a glicose no sangue e nos órgãos. O diabetes também pode decorrer da resistência do organismo à ação da insulina.
Existem vários tipos de diabetes, e o Diabetes Gestacional é apenas um deles. As duas principais características deste tipo de diabetes são (1) o fato de ocorrer em gestantes e (2) desaparecer assim que a gravidez termina. Contudo, mulheres que tiveram diabetes gestacional possuem um risco maior para desenvolver Diabetes Melito mais tarde.
A gestação altera o modo como o corpo produz e reage à insulina. No começo da gravidez, a produção de insulina aumenta e os tecidos corporais se tornam bastante receptivos à insulina. O objetivo desta adaptação é captar a glicose da circulação, fazendo uma reserva de combustível que será utilizado nas etapas finais da gravidez.
À medida que a gravidez prossegue, a placenta produz hormônios com efeitos opostos aos da insulina, convertendo o combustível armazenado de volta em açúcar.
Se tudo funcionar corretamente, o corpo transformará parte dos alimentos ingeridos em reservas de combustíveis. Durante os períodos de jejum, a placenta mantém os níveis de glicose e o ritmo de desenvolvimento do bebê estáveis, queimando pequenas porções da glicose armazenada.
O Diabetes Gestacional raramente causa aqueles sintomas típicos de outras formas de diabetes, tais como sede excessiva ou aumento na produção de urina. Na maioria das mulheres, o diabetes gestacional não produz qualquer manifestação suspeita – e justamente aí mora o grande risco deste distúrbio.
O exame para detecção do diabetes gestacional (chamado Glicemia de Jejum) faz parte da rotina no pré-natal. Mais tarde, por volta da 24ª-28ª semana, este exame pode ser repetido – ou até mesmo antes, caso seu médico acredite que você possui um risco aumentado para a doença.
No sangue colhido em jejum de 8 horas, níveis de glicose no acima de 126 mg/dL significam Diabetes. Se o sangue for colhido em qualquer horário do dia, independente da última refeição realizada, o nível de glicose necessário para diagnóstico do diabetes sobe para 200 mg/dL.
Com o tratamento adequado e um bom controle dos níveis de açúcar no sangue, você e seu bebê se manterão saudáveis e a gravidez irá transcorrer sem maiores problemas. Se não for corrigido, o diabetes pode aumentar o risco de várias complicações relacionadas ao bebê e à mãe.
Riscos para o Bebê
- Excesso de crescimento: a glicose extra pode atravessar a placenta e fazer com que o bebê cresça demais. Bebês muito grandes podem ter dificuldade em passar pelo canal do parto e possuem um risco maior para fraturas durante o nascimento. Na tentativa de preservar a saúde da mãe e do bebê, costuma-se optar pela cesariana nestes casos.
- Redução dos níveis de açúcar: alguns bebês de mães com diabetes gestacional podem apresentar queda dos níveis de açúcar logo após o nascimento. Isso ocorre porque sua produção de insulina foi adaptada para os altos níveis de glicose da mãe, que atravessavam a placenta e estimulavam o pâncreas do feto. A alimentação imediata e, se necessário, a administração de glicose endovenosa é capaz de controlar este problema.
- Síndrome da Angústia Respiratória: o diabetes gestacional pode resultar em parto prematuro. Bebês nascidos prematuros possuem um risco maior para vários problemas respiratórios, em especial a Síndrome da Angústia Respiratória. Alguns recém-nascidos afetados pela Síndrome necessitam ser colocados em aparelhos que ajudam a manter o padrão respiratório estável até que os pulmões sejam capazes de fazer o trabalho sozinhos.
- Icterícia: consiste na coloração amarelada da pele e dos olhos. No recém-nascido, a icterícia pode ocorrer quando o bebê não está maduro o suficiente para metabolizar uma substância natural do corpo chamada bilirrubina. Apesar da icterícia do recém-nascido não ser um problema grave na maioria dos casos, é importante acompanhar estas crianças de perto.
- Diabetes Melito: bebês nascidos de mães com diabetes gestacional apresentam um risco maior para diabetes melito mais tarde em suas vidas.
Riscos para a Mãe
- Aumento da pressão arterial: o diabetes gestacional aumenta o risco para Pré-Eclâmpsia, um distúrbio caracterizado pelo aumento da pressão arterial e pela presença de proteínas em excesso na urina após a 20ª semana de gestação. Se não for tratada corretamente, a Pré-Eclâmpsia pode resultar em complicações potencialmente fatais tanto para a mãe quanto para o feto.
- Aumento do risco para diabetes: após desenvolver diabetes gestacional em uma gravidez, o risco para ter o mesmo problema em gestações subseqüentes é maior. O risco para desenvolver diabetes melito mais tarde também aumenta.
Manter os níveis de açúcar no sangue sob controle é essencial para preservar a saúde do bebê e evitar várias complicações durante e após o parto. Para tanto, é recomendável que você:
- Vigie os níveis de açúcar no sangue: se você foi diagnosticada com diabetes gestacional, seu medico provavelmente irá lhe pedir que confira seus níveis de açúcar no sangue até 4 ou 5 vezes por dia utilizando um aparelho chamado Glicosímetro Capilar. Isso pode ser desconfortável, mas os benefícios serão gigantescos. Para reduzir o risco de complicações, a glicose deve ser mantida dentro de níveis considerados aceitáveis. Se dosada com jejum de no mínimo 6h, a glicose deve ser inferior a 100. Se dosada até 2 horas após uma refeição, a glicose deve ser inferior a 120.
- Organize seu controle: sempre que fizer uma dosagem da sua glicose, anote-a em uma agenda. Esta agenda deve ser apresentada ao médico em cada visita de controle. A partir da 28ª semana de gestação até o parto, utilize a agenda para anotar também sempre que sentir o bebê se mexendo. Entre em contato com seu médico caso perceba que o bebê não está se movimentando tanto quanto de costume.
- Siga a dieta recomendada pelo seu médico ou nutricionista: a dieta ideal em geral possui cerca de 2.200 a 2.400 calorias, divididas da seguinte maneira: 45% carboidratos (pães, cereais, frutas, etc), 25% proteínas (carne, queijos, leite) e 30% gorduras.
- Pratique exercícios: a atividade física regular reduz os níveis de açúcar no sangue e facilita o controle do diabetes. Converse com seu médico sobre quais exercícios são os mais indicados para o seu caso. De um modo geral, caminhar e nadar são as atividades físicas mais indicadas para gestantes, mas até as calorias gastas nos afazeres domésticos são importantes e devem ser levadas em conta.
- Utilize corretamente as medicações receitadas: se a dieta e os exercícios não forem suficiente para manter a glicose nos níveis desejáveis, seu médico poderá receitar injeções de insulina. Utilize a insulina exatamente como recomendado e comunique ao seu médico todo e qualquer efeito colateral que você acreditar estar relacionado ao remédio.
Durante o período pós-parto, os níveis de açúcar no sangue deverão retornar ao normal. Após um ou dois dias, se a glicose não retornar ao normal, então se diz que o Diabetes Gestacional evoluiu para um Diabetes Melito. Esta transformação ocorre em 15-30% das mulheres afetadas pelo diabetes gestacional.
Não existem garantias de que tomando determinadas medidas você estar eliminando completamente o risco para diabetes gestacional, mas os especialistas são unânimes em afirmar que, quanto mais hábitos saudáveis você adotar antes da gravidez, melhor:
- Prefira alimentos saudáveis, pobres em gorduras e calorias. Frutas, vegetais e cereais integrais são excelentes escolhas.
- Mantenha um bom nível de atividade física: cerca de 30 minutos de atividade física moderada por dia são um bom começo. Se não conseguir cumprir 30 minutos seguidos, divida em duas ou três sessões de exercícios ao longo do dia.
- Elimine o excesso de peso: perder peso durante a gravidez não é recomendável, mas, se você puder planejar com alguma antecedência, tente eliminar o excesso de gordura antes de engravidar.
Fonte: Boa Saúde
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